O sertão é a terra abençoada
De mais simplicidade e mais beleza
A maior expressão da natureza
É o brilho da noite enluarada
Quando vai terminando a madrugada
Sobre a mata, a aurora desemboca
Cada pássaro afinado se coloca
Para a bela cantata matinal
Eu não dou o sertão na capital
Nem ganhando um milhão por essa troca.
É lugar onde o povo vive bem
Tudo é calmo e não tem poluição
Quem bem pensa não muda do sertão
Para onde sossego ninguém tem
Numa cidade grande sofre quem
Para esse ambiente se desloca
Pela necessidade que provoca
Uma realidade surreal
Eu não dou o sertão na capital
Nem ganhando um milhão por essa troca.
O sertão tem o clima seco e quente
Quando chega o inverno tem fartura
É a fonte de toda agricultura
Disso aí sobrevive a sua gente
Mesmo hoje estando diferente
Onde em vez de jumento tem motoca
Mas o agricultor colhe e estoca
Que o produto da roça é natural
Eu não dou o sertão na capital
Nem ganhando um milhão por essa troca.
Onde tem sabiá e colibri
Com seu canto assim que nasce o sol
O cancão, o craúna, o rouxinol
Pintassilgo, azulão e bem-te-vi
Rola "fogo pagô" e juriti
Tem mutuca em lugar de muriçoca
O anzol tem a vara de taboca
E o forró é melhor que carnaval
Eu não dou o sertão na capital
Nem ganhando um milhão por essa troca.
Mote de Nonato Neto
Glosas de Zé Bezerra
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