Zé Povim é um sujeito
De pensamento confuso
Às vezes ele recua
Em outra hora é intruso
A mente torce e destorce
Que parece parafuso.
Zé Povim com os políticos
Mistura ódio e prazer
Desce quando é pra subir
Sobe quando é pra descer
Porque seu comportamento
É difícil de entender.
Em campanha eleitoral
Não há político ruim
Zé Povim bajula todos
Do começo até o fim
É difícil um “puxassaco”
Do jeito de Zé Povim.
Corre atrás dos candidatos
Sem ganhar nenhuma prata
Distribui foto e santinhos
Atrai galega e mulata
Pulando e gritando “viva”
Na frente da passeata.
No palanque do comício
Outra função ele tem
Discursa de improviso
Falando o que não convém
E provoca a multidão
Pra palma e o “muito bem”.
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O Zé fica imprudente
E até se desmoraliza
Xinga os adversários
A vizinhança inferniza
Por isso algumas vezes
Tem até levado pisa.
Mas, passando as eleições
Com alguns meses somente
Já se vê um Zé Povim
De conduta diferente
Ficando com os políticos
Revoltado e descontente.
Ele faz pesadas críticas
Protesto e reclamação
Amaldiçoa os conchavos
A prática da corrupção
Generalizando diz:
– Todo político é ladrão.
Quando vem outra campanha
O Zé joga a máscara fora
As decepções que tinha
São esquecidas na hora
Para voltar ser o mesmo
Bajulador de outrora.
Zé Povim, o seu costume
Vai ser esse até o fim
Quando é tempo de votar
Nenhum político é ruim
Depois, só decepção
Quem faz isso é o povão
E o povão é Zé Povim.