sexta-feira, 26 de junho de 2009

MAL INCURÁVEL

O Senado ultimamente
É lugar de rebuliço
Ali diuturnamente
A imprensa tem serviço
Há uma onda devassa
E a cada hora que passa
Aparece informação
Numa manchete estampada
De gente contaminada
Do vírus da corrupção.

Diversos casos se somam
A gatunagem é medonha
Lá há muitos que não tomam
O remédio da vergonha
Por isso que essa gente
Age desonestamente
Indignando a nação
Com um mal que se eterniza
Porque não se imuniza
Do vírus da corrupção.

Verdadeira agiotagem
Existe nos bastidores
Vagueia a picaretagem
Lá entre os senadores
Os atores da rapina
Vão fazendo em surdina
Qualquer negociação
Porque são acobertados
Pelos que não são curados
Do vírus da corrupção.

No Senado Federal
O clima está pesado
Muita coisa cheira mal
É roubo pra todo lado
As CPIs instaladas
São falácias orquestradas
Para enganar a nação
Lá a ética é sufocada
Por tanta gente infectada
Do vírus da corrupção.

O que causa mais impasse
Em nossa sociedade
É ver-se o ladrão de classe
Em total impunidade
Por que é que a justiça
Tantas vezes fica omissa
Sem decretar a prisão
Dos mega-violadores
Os maiores portadores
Do vírus da corrupção.

Com um trem descarrilhado
O Senado mais parece
Fica o povo envergonhado
Com tudo o que acontece
Alguns doentes de lá
Para esses já não há
Nenhuma medicação
Que até hoje a medicina
Não descobriu a vacina
Do vírus da corrupção.

Autor: Zé Bezerra

quinta-feira, 18 de junho de 2009

SÃO JOÃO SÓ PRESTA NA ROÇA

Festa tradicional
De maior empolgação
É a festa de São João
Feita na zona rural
Se reúne o pessoal
Ali ninguém se alvoroça
Todos dizem: - A festa é nossa
E a alegria é completa
Por isso, afirma o poeta
São João só presta na roça.

É um São João diferente
Dos que fazem na cidade
Tem brincadeira à vontade
Alegrando a toda gente
O sertanejo contente
Logo depois que almoça
Corta lenha fina e grossa
Bem animado e feliz
Acende a fogueira e diz
São João só presta na roça.

No santo o povo tem fé
Festejando a noite inteira
Em toda casa há fogueira
Foguetão e buscapé
Mais tarde há arrasta-pé
No pavilhão da palhoça
Sanfoneiro da mão grossa
Toca um repertório novo
Para a alegria do povo
São João só presta na roça.

Na noite, a cada minuto
A lua no alto brilha
Logo antes da quadrilha
Tem casamento matuto
O noivo se faz de bruto
A noiva se alvoroça
De cima duma carroça
A mãe da noiva gasguita
Estufando o peito grita
São João só presta na roça.

A moça faz simpatia
Para saber com quem casa
Tem milho assado na brasa
Tem canjica quente e fria
Milho cozido em bacia
Pamonha na palha grossa
Se chover, a água empoça
Mas não para o forrozão
Para o povo do sertão
São João só presta na roça.

A festança é animada
Sem ritmo modernizado
Sem guitarra, sem teclado
Sem quadrilha estilizada
É mantida, é conservada
A pura cultura nossa
Pra que o sertanejo possa
Se orgulhar de sua festa
Em outro canto não presta
São João só presta na roça.


Autor: Zé Bezerra

quarta-feira, 17 de junho de 2009

OS SANTOS DOS ARRAIAIS

Antônio é Casamenteiro
Pedro é o Pescador
João, Profeta da Justiça
Primo de Nosso Senhor
São personagens divinas
Santos das festas juninas
Muito tradicionais
Na cidade e no sertão
Antônio, Pedro e João
Os santos dos arraiais.

Na crendice popular
Tonho casa, João batiza
Mas para entrar no céu
O Pedro é quem autoriza
Por terem essas funções
Para o povo eles são bons
São aplaudidos de mais
Nas festanças do povão
Antônio, Pedro e João
Os santos dos arraiais.


Dentre os canonizados
Venerados nos altares
Antônio, Pedro e João
São mesmo os mais populares
No aspecto cultural
Folclórico e regional
Eles são especiais
Campeões da tradição
Antônio, Pedro e João
Os santos dos arraiais.


Pra muitos eles são tidos
Como os santos mais famosos
Os seus festejos profanos
Superam os religiosos
Os pavilhões com bandeiras
Arrasta-pés e fogueiras
Os trios regionais
Fazendo a animação
Antônio, Pedro e João
Os santos dos arraiais.


Cantadores repentistas
Cantam motes e sextilhas
Os casamentos matutos
Antecipando as quadrilhas
Os forrós de pé de serra
Cultura pura da terra
Nas fazendolas rurais
Tem a maior atração
Antônio, Pedro e João
Os santos dos arraiais.


Enfim, de todos os santos
Os mais queridos são eles
Se tiver santo invejoso
Vai ficar com raiva deles
O Antônio é carismático
O João além de simpático
É mensageiro da paz
Pedro é do céu, guardião
Antônio, Pedro e João
Os santos dos arraiais.



Autor: Zé Bezerra

sábado, 13 de junho de 2009

UM SANTO APOSENTADO

Santo Antônio é festejado
Por este país inteiro
De muitas comunidades
Ele é o padroeiro
E na crendice do povo
É Santo casamenteiro.

Mas como a modernidade
Penetra em qualquer lugar
Santo Antônio está ficando
Esquecido no altar
Que essa gente moderna
Não usa mais se casar.

Foi-se o tempo em que a moça
Ou algum rapaz idôneo
Faziam promessa ao Santo
A fim de um matrimônio
Hoje não precisam mais
Incomodar Santo Antônio.

Naquela época passada
Do vovô e da vovó
A moça com vinte anos
Se ainda estava só
Se aperriava pensando
Em ficar no caritó.

Do mesmo jeito o rapaz
Cheio de intenções boas
Não casando logo era
Tachado pelas pessoas
Eles eram "vitalinos"
E elas eram "coroas".

Para se livrarem disso
Preces ao Santo faziam
Se ele atendia a todos
Noivos e noivas surgiam
E as festas de casamento
Com frequência aconteciam.

E com isso Santo Antônio
Era muito elogiado
Depois da graça, as promessas
Eram pagas com cuidado
Que quem suplicava a ele
Jamais ficava encalhado.

Hoje tudo é diferente
Pragmático e definido
Tanto faz para as mulheres
Ter ou não ter um marido
Pedir noivo a Santo Antônio
Isso não faz mais sentido.

Levou o tempo moderno
Essa crença ao além
Santo Antônio aposentou-se
Está calmo e muito bem
Ninguém mais o perturbou
Nunca mais ele arranjou
Casamento pra ninguém.

Autor: Zé Bezerra

quinta-feira, 11 de junho de 2009

É MUITO BOM NAMORAR

Deus quando criou o mundo
Criou o homem também
Para esse ser feliz
Em companhia de alguém
Deus quis que seu semelhante
Tivesse ao lado uma amante
E ambos pudessem dar
Ao amor melhor saída
Das coisas boas da vida
A melhor é namorar.

O dia doze de junho
É Dia dos Namorados
Que são pelo amor mútuo
Amantes apaixonados
É o namoro que faz
A moça e o rapaz
Uma decisão tomar
Dando ao amor investida
Das coisas boas da vida
A melhor é namorar.


Namoro que não é transa
E sim afeto e amor
O namoro verdadeiro
Tem a essência da flor
Sem individualismo
O casal transpõe abismo
Conjugando o verbo amar
Esse aí não se liquida
Das coisas boas da vida
A melhor é namorar.


É tempo que favorece
Aproximação maior
Para o rapaz e a moça
Se conhecerem melhor
Bom relacionamento
E amadurecimento
Levam ambos a estar
Dando ao amor acolhida
Das coisas boas da vida
A melhor é namorar.


Namoro é bom se acontece
Com responsabilidade
Com respeito e com moral
Com amor e liberdade
Não com a libertinagem
Pela qual só é vantagem
Ficar só para transar
Sem compromisso em seguida
Das coisas boas da vida
A melhor é namorar.


Namorar é coisa boa
Havendo amor e ternura
A chama ardente do peito
Dá ao beijo mais doçura
Com ardor e sensação
Com impulso e emoção
Duas vidas vão estar
Numa só vida envolvida
Das coisas boas da vida
A melhor é namorar.



Autor: Zé Bezerra