quarta-feira, 30 de junho de 2021

OS SEGREDOS DO REPENTE












No capinzal do baixio

na poeira da estrada

na ribanceira do rio

no canto da passarada

nas flores da jitirana

no caldo doce da cana

na fadiga do sol quente

na frieza do luar

a gente pode encontrar 

OS SEGREDOS DO REPENTE.


Num forró bem animado 

na noite de São João

no sabor do milho assado

nas debulhas de feijão

na quentura da fogueira

na crença da rezadeira

no matuto experiente

que nunca brinca em serviço

dá pra ver em tudo isso

OS SEGREDOS DO REPENTE.


Numa ovelha que berra

no apito do  nhambu

nas grutas do pé da serra 

na flor do mandacaru

no camponês da mão grossa

que numa humilde palhoça

bem sentado no batente

come arroz numa tigela

o seu jeitão nos revela

OS SEGREDOS DO REPENTE.


Nos frutos do camará 

nas flores do calumbi

nas folhas do jatobá

no puro mel da jati

nos espinhos da jurema

no cheiro da alfazema

no canto triste e dolente

da cauã e do anum

faz mostrar a qualquer um

OS SEGREDOS DO REPENTE.


Na febre da inspiração

na verve do repentista

na luz da imaginação

nas ideias do artista

numa viola afinada

numa noite enluarada

numa toada estridente

nos baiões bem sustenidos

aí estão embutidos

OS SEGREDOS DO REPENTE.


Autor: Zé Bezerra





 

domingo, 27 de junho de 2021

O QUE É SAUDADE










É um sentimento forte

que se instala no peito,

só o amor dá um  jeito

para o alívio da dor,

a saudade é persistente, 

invade a alma da gente 

e só se rende ao amor.


Ela é imperiosa, 

à solidão dá suporte,

não há  indivíduo forte

que tenha a capacidade

de tentar ser resistente

e ficar indiferente 

aos impactos da saudade.


As suas interferências 

provocam angústia e ânsia

em meio a uma distância

resultando solidão

numa tristeza avançada

ela é lança afiada

perfurando o coração.


A saudade, às vezes doi

noutros momentos sufoca

quando no coração toca

fere a sensibilidade

tira a febre da paixão

não há na face do chão 

quem se livre da saudade.


Autor: Zé Bezerra









sábado, 26 de junho de 2021

SEM PODER DANÇAR FORRÓ









Vemos que a pandemia

continua a nos privar

de novo vamos ficar

sem diversão nenhum dia,

prossegue a monotonia,

quarentena causa dó,

o tempo de um jeito só

e o marasmo predomina,

mais uma festa junina

sem poder dançar forró.


Mais uma vez em Assu

a festa foi cancelada,

a tradição foi quebrada 

dos arraiais de Patu,

Patos e Caruaru,

Apodi e Mossoró,

nada tem no Seridó, 

nem o maior, em Campina,

mais uma festa junina 

sem poder dançar forró.


A saudade ataca a gente,

faz calo no coração, 

sem as festas de São João 

tudo fica diferente,

nenhuma bebida quente

aquece nosso gogó,

até arranjar xodó

nem nisso a gente imagina,

mais uma festa junina

sem poder dançar forró.


Sem milho assado na brasa

em uma ardente fogueira

de lenha de catingueira

queimando em frente à casa, 

a saudade que estravasa,

amarga que nem jiló, 

até vovô e vovó

reclamam da triste sina,

mais uma festa junina

sem poder dançar forró.


Mote: Edmilson Ferreira

Glosa: Zé Bezerra













 

domingo, 20 de junho de 2021

NORDESTE MAGOADO











Vê-se agora o povo sertanejo 

Ansioso e carente de esperança

Por ser forte demais sua lembrança

Da maior tradição e do festejo

Qualquer sítio, cidade ou lugarejo

Na presente e real situação

Tem seu povo vivendo em reclusão 

E por isso das festas é privado 

O Nordeste soluça magoado

Com saudade das festas de São João.


O Nordeste sem ter festa junina

Vive um tempo de contrariedade

Não havendo qualquer festividade

Enfraquece a cultura nordestina

A saudade no povo predomina

Pela ausência total da diversão

Em qualquer um lugar da região

Nenhum show pode ser realizado

O Nordeste soluça magoado

Com saudade das festas de São João.


Sem ter festa o Nordeste sofre mais

Nestes tempos difíceis do "corona"

Sem Waldonis tocar sua sanfona

Sem Campina fazer seus arraiais

De quadrilhas, não há mais festivais

Zé Ramalho não toca o violão

O Santana não solta o vozeirão

Alceu, Elba em live têm cantado

O Nordeste soluça magoado 

Com saudade das festas de São João.


Mote: Helena Bezerra

Glosa: Zé Bezerra



 

sábado, 12 de junho de 2021

DOAR SANGUE É DOAR VIDA











Neste junho vermelho é bom lembrar

Que em todo o país e em cada estado

Deve o povo estar bem informado

Que o sangue humano é pra doar

Para quem vier dele precisar

Disso o público, é bom ser sabedor

Quem puder e tornar-se doador

Terá bênçãos divinas concedidas

Porque está ajudando a salvar vidas

Doar sangue é um ato de amor.


Doar sangue é um gesto de grandeza

Uma ação de amor e caridade

Quem recebe supre a necessidade

Sente em seu organismo a fortaleza

Diminui o estado de fraqueza

Com a nova energia e o vigor

O que doa não é um salvador

Mas de Deus recompensa ele vai ter

Ajudando a alguém sobreviver

Doar sangue é um ato de amor.


Você tendo saúde e condição

De acordo o que sempre é exigido

Doe seu sangue a quem está desfalecido

Não hesite ao fazer a doação

Que o doente é seu próximo e seu irmão

E espera um alívio em sua dor

Recebendo o seu sangue é como a flor

Que de pétala em pétala vai se abrindo

Porque tem uma vida ressurgindo

Doar sangue é um ato de amor.


Autor: Zé Bezerra