domingo, 8 de março de 2009

O BESOURÃO DE FERRO

Dia primeiro de março
Foi de fato e de direito
Em Patu houve de novo
Eleição para prefeito
Várias polícias vieram
Dar tranquilidade ao pleito.

Uma viatura aérea
Foi a grande novidade
Um helicóptero das forças
Da segurança, é verdade
Já no dia anterior
Sobrevoava a cidade.

Ao fazer os sobrevoos
Prestando um grande serviço
O povo que aqui não é
Acostumado com isso
Saiu às ruas pra vê-lo
E era grande o rebuliço.

Gente de várias idades
Saía em disparada
Velhas tremendo de medo
Tropeçavam na calçada
Enquanto muitas crianças
Choravam com a zoada.

Durante esses dois dias
De ruas movimentadas
Se as cozinhas ficaram
Quase que abandonadas
Houve como resultado
Muitas comidas queimadas.

Em meio a esse clima
De barulho e alvoroço
Para um casal de idosos
O aperreio foi grosso
Ela amarelou e ele
Deu na barriga um destroço.

Trata-se de Dona Alice
E Seu Pedro Milanês
Ela com oitenta anos
Ele com oitenta e três
E esse tal de helicóptero
Viram a primeira vez.

Pedro escutou um barulho
Que vinha se aproximando
Disse: – Alice se prepare
O mundo tá estrondando
E parece que a serra
De Patu vem desabando.

Olhando pela janela
Avistaram afinal
Aquele bicho voando
Com um barulho infernal
Alice quase desmaia
E foi parar no hospital.

E depois de medicada
Ela pra casa voltava
Pedro que tinha ficado
Já destemperado estava
Com disenteria forte
Quase não se segurava.

No outro dia os dois
Tinham pequena melhora
Fizeram preces a Deus
Rogaram a Nossa Senhora
Para aquela fera horrível
Voar pra longe, indo embora.

Seu Pedro achava que fosse
Manobras de Belzebu
Já Dona Alice julgava
Vendo aquele sururu
Que era Deus castigando
O povo ruim de Patu.

Sobre o helicóptero, eles
Não tiveram explicação
Viram o bicho de ferro
Disseram: – É um besourão
Que é muito parecido
Com o “cavalo do cão”.

Sem saber nada de “etê”
Nem de disco voador
Disse o velho: – Se ele voa
É um anjo tentador
Disse a velha: – É o demônio
Que tentou Nosso Senhor.

Finalizando a polícia
A missão especial
Foi então que o helicóptero
Retornou à Capital
E a população voltou
Ao dia-a-dia normal.

Já em plena calmaria
Pedro diz: – Como eu sofri
Estando forte e sadio
De repente adoeci
Alice diz: – Nos dois dias
Não comi e nem dormi.

Por fim os dois suplicaram:
– Ó Deus Pai onipotente
Fazei que esse besourão
Vá pra outro continente
E nunca mais venha aqui
Tirar o sossego da gente.

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Autor: Zé Bezerra

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