domingo, 1 de fevereiro de 2009

MEDO DE TROVÃO

Todo casal sempre tem
Um motivo pra brigar
Isso já é de rotina
Não é de se admirar
Uma cena de ciúme
Um ato de mal costume
Faz um dos dois se dar mal
Mas quando a saudade aperta
Vem a razão e conserta
E tudo volta ao normal.

Porém não foi bem assim
Que aconteceu outro dia
Foi uma briguinha besta
Mas virou desarmonia
Contou-me um amigo meu
Que sem querer se envolveu
Numa dessas confusões
Porque mulher feito cobra
Já é motivo de sobra
Pra muitas separações.

Houve um desentendimento
Por um motivo banal
Pois a mulher dele é dessas
Ruim que só água de sal
Botou pra fora o rancor
Declarou greve de amor
Ao marido apaixonado
Disse logo: - Durma ali
Que eu vou dormir aqui
E o resto, papo encerrado.

Nessa noite começou
Seu grande cruel castigo
Ela só tratava ele
Como se fosse inimigo
E só pra lhe provocar
Insistia em colocar
A camisola fininha
Bem cheirosinha e macia
Que de longe ele já via
O modelo da calcinha.

Já fazia mais de um mês
Esse sofrimento dele
Ele sem procurar outra
Ela sem ligar pra ele
Se falasse era uma afronta
Dizia: - Faça de conta
Que pra você eu tou morta
Continuando a novela
Entrava no quarto dela
E passava a chave na porta.

E só trocava de roupa
Na frente do suplicante
Se perfumava e botava
A roupa mais provocante
Caprichava o rebolado
Ajeitava o penteado
Porque além de perversa
Insistia em se exibir
Mas na hora de dormir
Não queria nem conversa.

E ainda fofocava
Comentando com uma amiga
Nem tão cedo ele vai ver
O final da nossa briga
Pode me chamar de ruim
Macho comigo é assim
Vem comer na minha mão
Pois é assim que eu sou
Ele quer mas eu não dou
Um minuto de atenção.

Mas numa noite de chuva
Começou a trovejar
Daqueles que treme o chão
E os móveis saem do lugar
No primeiro, ela acordou
No segundo, se assombrou
E quando o terceiro veio
Tremeu a casa todinha
Parecia até que tinha
Rachado a terra no meio.

Ela tremendo de medo
Disse: - Você nem me chama!
Não esperou a resposta
Pulou em cima da cama
Assombrada com o trovão
Chorou e pediu perdão
De tanto ter lhe humilhado
E quando a chuva passou
Ele foi quem trovejou
Descontando o atrasado.

Autor: Jorge Macedo

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