terça-feira, 12 de janeiro de 2021

NORDESTINO, MATUTO E SERTANEJO












Sou feliz em ser filho do sertão

Lá no pé de uma serra ter nascido

Num lugar muito pobre ter crescido

Era a roça, o lugar de ocupação

E no mês que havia diversão

O forró pé de serra era o festejo

Na enxada era firme no manejo

Só voltava do campo, o sol a pino

Sinto orgulho de ser um nordestino

Pele grossa, matuto e sertanejo.


Muita honra me faz ser lá do mato

Duma brenha esquisita na quebrada

Uma casa de taipa esburacada

Da pobreza extrema era o retrato 

Só aos vinte de idade usei sapato

Imagine o tamanho do meu desejo

Pelo retrovisor da vida eu vejo

Vários filmes do tempo de menino

Sinto orgulho de ser um nordestino

Pele grossa, matuto e sertanejo.


Todo dia levanto à madrugada

Em seguida já lavo cada pote

Num galão pendurado no cangote

Da cacimba, a água é transportada

Minha nega também já acordada

Faz café com cuscuz, só não tem queijo

Bebo, como e não fica nem sobejo

Que engrosse a lavagem do suíno

Sinto orgulho de ser um nordestino

Pele grossa, matuto e sertanejo.


Acho bom minha pele ser tostada

É sinal que no campo a vida é dura

Mesmo tendo desprezo, a agricultura

Minha roça bem cedo, ela é plantada

É no tôco, não tem terra cortada

Na enxada sou bamba no traquejo

Se o ano for seco, o meu desejo

É sofrer e chorar igual menino

Sinto orgulho de ser um nordestino

Pele grossa, matuto e sertanejo.


Autor: Zé Bezerra




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