Sou feliz em ser filho do sertão
Lá no pé de uma serra ter nascido
Num lugar muito pobre ter crescido
Era a roça, o lugar de ocupação
E no mês que havia diversão
O forró pé de serra era o festejo
Na enxada era firme no manejo
Só voltava do campo, o sol a pino
Sinto orgulho de ser um nordestino
Pele grossa, matuto e sertanejo.
Muita honra me faz ser lá do mato
Duma brenha esquisita na quebrada
Uma casa de taipa esburacada
Da pobreza extrema era o retrato
Só aos vinte de idade usei sapato
Imagine o tamanho do meu desejo
Pelo retrovisor da vida eu vejo
Vários filmes do tempo de menino
Sinto orgulho de ser um nordestino
Pele grossa, matuto e sertanejo.
Todo dia levanto à madrugada
Em seguida já lavo cada pote
Num galão pendurado no cangote
Da cacimba, a água é transportada
Minha nega também já acordada
Faz café com cuscuz, só não tem queijo
Bebo, como e não fica nem sobejo
Que engrosse a lavagem do suíno
Sinto orgulho de ser um nordestino
Pele grossa, matuto e sertanejo.
Acho bom minha pele ser tostada
É sinal que no campo a vida é dura
Mesmo tendo desprezo, a agricultura
Minha roça bem cedo, ela é plantada
É no tôco, não tem terra cortada
Na enxada sou bamba no traquejo
Se o ano for seco, o meu desejo
É sofrer e chorar igual menino
Sinto orgulho de ser um nordestino
Pele grossa, matuto e sertanejo.
Autor: Zé Bezerra
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