segunda-feira, 12 de fevereiro de 2018

POR DENTRO DO MATO (galope)

















Na beira da cerca vejo o marmeleiro
Perto da descida da beira do rio
Descambando o morro entro no baixio
Descanso na sombra de um juazeiro
Sentado no tronco de um pé de pereiro
Num oco de pau vejo um carrapato
Tangendo uma vaca, puxando um boiato
Montado, esporando um velho burrico
Conduzindo um feixe de lenha de angico
Fazendo galope por dentro do mato.

Enrolando os pés numa jitirana
Subindo em barranco, descendo quebrada
O corpo doído, a pele arranhada
Olhando a floresta não bato a pestana
Nesse matagal num fim de semana
Longe dos espinhos de  unha de gato
Andando de tênis, em vez de sapato
Entrando em vereda cheia de velame
Passando por baixo de cerca de arame
Fazendo galope por dentro do mato.

Seguindo na trilha cheia de cipó
Ouvindo ao longe a voz da peitica
Parando na sombra de uma oiticica
Vendo uma lagoa com muito socó
Na serra bem perto só tem mororó
Para quem prefere o anonimato
No meio da brenha se inspira de fato
Num tronco de ipê escreve um poema
Com verso da cor da flor da jurema
Fazendo galope por dentro do mato.

Autor: Zé Bezerra





Nenhum comentário: