domingo, 5 de junho de 2016

MAIS UM ANO DE SECA NO SERTÃO




















O sertão está sempre em desvantagem
Que o tempo não tem favorecido
Com seu solo ardente e ressequido
É sombria e sem vida a sua imagem
Cinco anos seguidos de estiagem
Reduziu-se a zero a plantação
Está quase deserta a região
Com o povo migrando do lugar
Vai ser muito difícil suportar
Mais um ano de seca no sertão.

Secas verdes estão continuadas
Desde dois mil e doze até agora
Do sertão muita gente foi embora
As reservas de água estão minguadas
Com as temperaturas alteradas
Seca poço, lagoa e cacimbão
Têm açudes que a água no porão
Está suja e em breve vai secar
Vai ser muito difícil suportar
Mais um ano de seca no sertão.

Nunca mais o produto da lavoura
Foi à mesa do homem sertanejo
Que sem ter esperança e sem desejo
Não viu mais uma chuva benfeitora
Por a seca ser tão devastadora
Não há nada que brote desse chão
Acabou-se de vez a produção
E o gado não acha onde pastar
Vai ser muito difícil suportar
Mais um ano de seca no sertão.

Fica seco o mofumbo, o marmeleiro
Só é verde aveloz e macambira
Resultado da roça ninguém tira
Pela falta de chuva o ano inteiro
Goiabeira, mangueira e cajueiro
Não dão frutos devido a sequidão
Sem ter fava, arroz, milho e feijão
Resta em Deus confiar e esperar
Vai ser muito difícil suportar
Mais um ano de seca no sertão.

Vão desaparecendo os colibris
Os graúnas, xexéus e sabiás
Rouxinois, tico-ticos e pardais
Aves de arribação e juritis
Ninguém vê mais nambu e nem perdiz
Nem peitica, canário e nem cancão
Não tem mais joão-de-barro e o carão
Sem a chuva ele fica sem cantar
Vai ser muito difícil suportar
Mais um ano de seca no sertão.

Autor: Zé Bezerra



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