segunda-feira, 25 de maio de 2015

DISSO EU NÃO ABRO MÃO


Só ganhar quarenta mil
Isso pra mim é merreca
Preciso implantar cabelos
Porque já estou careca
Para melhor viajar
Um jatinho vou comprar
Que é bom ter regalia
Mesmo se o ganho dobrar
Não dá para dispensar
O AUXÍLIO MORADIA.

Minha rota de turismo
Eu faço regularmente
Cada vez eu gozo férias
Em um lugar diferente
O Tâmisa, acho bonito
As Pirâmides do Egito
O Farol de Alexandria
Isso fascina meu peito
Mas o bom é ter direito
AO AUXÍLIO MORADIA.

Fui lá na Casa de Óperas
Olhei as Torres Petronas
Roda do Milênio em Londres
Incluí nas maratonas
Voltando para o Brasil
Tenho que ter um perfil
De requinte e mordomia
Que só gente nobre tem
Então eu não fico sem
O AUXÍLIO MORADIA.

Quero que o povo entenda
Que sou desembargador
E não posso ser tratado
Por mero trabalhador
De privilégio preciso
Não posso ter prejuízo
Desculpe a democracia
Se chato eu pareça ser
Mas jamais posso perder
O AUXÍLIO MORADIA.

Se dos peões da justiça
Tiram gratificações
Isso é para que os nossos
Reajustes sejam bons
Hoje eu só ganho quarenta
Mas quero mais de cinquenta
Para ter mais garantia
E mais estabilidade
Eu tenho necessidade
DO AUXÍLIO MORADIA.

Cada final de semana
Com os filhos e a madame
Viajo para os States
Para compras em Miami
Compro paletós modernos
Porque usando esses ternos
Eu sinto muito alegria
E não tenho depressão
Mas é se não abrir mão
DO AUXÍLIO MORADIA.


Autor: Zé Bezerra

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