sexta-feira, 31 de janeiro de 2025

NA MESMA TEMPESTADE

Padre Júlio Lancelotti

Diz uma pura verdade

Referindo-se a enorme 

E cruel desigualdade

Que de forma absoluta

Permeia a sociedade.


Afirma ele que nunca

No mesmo barco nós vamos

Muitos não têm nem canoa

Fortes ondas enfrentamos

E na mesma tempestade

É aí que nós estamos.


Num vendaval que estremece

De um lado ao outro lado

Quem está em seu iate

É do perigo afastado

Mas a maioria enfrenta

O mar revoltoso a nado.


Do que fala o padre Júlio

Não há como discordar

Os dos iates são poucos

Tranquilos estão no mar

Enquanto quem nada, corre 

O risco de se afogar.


Se a tempestade está 

A cada dia aumentando

Neste mundo desigual

Tem tanto pobre nadando

Se surge alguma canoa

Essa vai logo afundando.


A elite dos iates

Não sente frio na barriga

Por  poder e  por status

Usa violência e briga

Vendo a ralé se afogando

Passa de lado e nem liga.


Essa grande tempestade

De ventania e trovões

Leva de eito barracos

Mas não abala as mansões

Operários sobrevivem

Para dar lucro aos patrões.


Os raios da exclusão

Caem em todo lugar

Granizos de desemprego

São tantos de assustar

 Enxurradas de miséria

Demoram muito a passar.


O redemunho da fome

Em meio ao mau tempo avança

Enquanto quem sobrevive

Fica aguardando a bonança

Porque a fé reacende

O farol da esperança.


Autor: Zé Bezerra







 

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