Padre Júlio Lancelotti
Diz uma pura verdade
Referindo-se a enorme
E cruel desigualdade
Que de forma absoluta
Permeia a sociedade.
Afirma ele que nunca
No mesmo barco nós vamos
Muitos não têm nem canoa
Fortes ondas enfrentamos
E na mesma tempestade
É aí que nós estamos.
Num vendaval que estremece
De um lado ao outro lado
Quem está em seu iate
É do perigo afastado
Mas a maioria enfrenta
O mar revoltoso a nado.
Do que fala o padre Júlio
Não há como discordar
Os dos iates são poucos
Tranquilos estão no mar
Enquanto quem nada, corre
O risco de se afogar.
Se a tempestade está
A cada dia aumentando
Neste mundo desigual
Tem tanto pobre nadando
Se surge alguma canoa
Essa vai logo afundando.
A elite dos iates
Não sente frio na barriga
Por poder e por status
Usa violência e briga
Vendo a ralé se afogando
Passa de lado e nem liga.
Essa grande tempestade
De ventania e trovões
Leva de eito barracos
Mas não abala as mansões
Operários sobrevivem
Para dar lucro aos patrões.
Os raios da exclusão
Caem em todo lugar
Granizos de desemprego
São tantos de assustar
Enxurradas de miséria
Demoram muito a passar.
O redemunho da fome
Em meio ao mau tempo avança
Enquanto quem sobrevive
Fica aguardando a bonança
Porque a fé reacende
O farol da esperança.
Autor: Zé Bezerra
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