quinta-feira, 12 de dezembro de 2024

FIOS DA NATUREZA

Sentindo a brisa suave

Que mal balança um arbusto

Junto a um pé de agave 

Um preá salta com  susto

O sapo à beira do poço

Não faz nenhum alvoroço

E a garça com sutileza

Por entre as sarças vagueia

Quando se tece uma teia

Com fios da natureza.


Se o trovão estremece

No outro lado da serra

Logo depois que anoitece

Cai chuva banhando a terra

O gado todo malhado

Em um curral encharcado

E ali cada rês presa

Quer dar uma escapulida

Enquanto a teia é tecida

Com fios da natureza.


Do cantar da passarada

Em um bonito coral

Ao romper da alvorada

No crepúsculo matinal

Da voz do uirapuru

Do apito do nambu

Do arrulho da burguesa

Logo que o dia amanhece

Uma teia a gente tece

Com fios da natureza.


E na verdejante mata

Árvores com suas ramagens

Com raios da cor de prata

A lua exibe as imagens

Num brilho extraordinário

É decorado um cenário

De deslumbrante beleza

E com essa tecitura

A teia fica segura

Com fios da natureza.


Teia que tem dimensões

De planícies e penhascos

De chapadas e grotões

Caatingas e carrascos

De desertos e geleiras

Lagoas e cachoeiras

Maré alta e correnteza

Falésias e manguezais

Uma dessas só se faz

Com fios da natureza.


Não é como a da aranha

Artisticamente tecida

Que tem perfeição tamanha

Essa nem é parecida

Porque é feita por gente

Então é bem diferente

E mais feia com certeza

Mas  mesmo sendo imperfeita

A teia também foi feita

Com fios da natureza.


Autor: Zé Bezerra









 

Nenhum comentário: