CULTURA DIFERENTE

O indígena faz parte de outra raça
Mas é um ser humano igual a gente
Desde a pequena idade já aprende
A seu modo viver socialmente
Seu estilo de vida é de outro jeito
Porque sua cultura é diferente.

Sabe manifestar a sua crença
Em um ser soberano, onipotente
Nos costumes, na vida e no trabalho
Vê o índio que Deus está presente
Muda os seus rituais celebrativos
Porque sua cultura é diferente.

Para ele, é a terra aquela mãe
Respeitada e amada fielmente
Se empenha em zelar a natureza
Tem cuidados com o meio ambiente
Tudo faz a favor da ecologia
Porque sua cultura é diferente.

Está sempre disposto a defender
Os seus bens, sua tribo, sua gente
Para reivindicar os seus direitos
Não recua, insiste e é valente
Derrotado, reluta e recomeça
Porque sua cultura é diferente.

Muito discriminado pelo branco
É taxado de desinteligente
De desorganizado e preguiçoso
Atrasado, grosseiro, incompetente
É desconsiderado dessa forma
Porque sua cultura é diferente.

A civilização que lhe foi dada
Pelo branco tem sido inconsequente
Ele que unicamente é aborígene
Do Brasil e todo esse continente
Poderia ter sido respeitado
Ao contrário foi marginalizado
Porque sua cultura é diferente.

Autor: Zé Bezerra

UM SÉCULO DO TITANIC

Que o Titanic afundou
Fêz cem anos este mês
No outro século, ano doze
Partia de um porto inglês
Em águas do Atlântico Norte
Saía a primeira vez.

Um possante transatlântico
De formas agigantadas
Três mil pessoas podiam
Ser por ele transportadas
Por ser tão grande pesava
Cinquenta mil toneladas.

Com destino a Nova Iorque
O Titanic seguia
Mais de duas mil pessoas
Na viagem conduzia
Quando uma trágica surpresa
Com o navio acontecia.

Dia catorze de abril
Houve o grande desmantelo
Bem próximo à meia noite
Surge o terrível atropelo
O Titanic bateu
Numa montanha de gelo.

Esse gigante de aço
De dimensão colossal
Ímpar tecnologia
Sem ter no mundo outro igual
É tragicamente afundado
Na viagem inaugural.

A tripulação em pânico
Via o navio afundar
Nos salva-vidas, uns mil
Conseguiram escapar
Mil e quinhentas pessoas
Morreram em alto mar.

Entre os que faleceram
Se diz que da maioria
A principal causa morte
Foi mesmo a hipotermia
A água em dois negativos
Estava naquele dia.

Afinal passou-se um século
Daquele caso sem glória
O qual, o povo do mundo
Tem guardado na memória
Maior tragédia marítima
Registrada na história.

Autor: Zé Bezerra

LUAR DO SERTÃO

Esse encanto de beleza
Tão puro e tão natural
Quase não há outro igual
Nos quadros da natureza
Foi o que fez com certeza
Dar maior inspiração
A Catulo da Paixão
Dizer num verso erudito
Que não há luar bonito
Como o luar do sertão.

Passa o sol a ocultar
Seus raios no horizonte
Vai se envolvendo o monte
Com o manto crepuscular
Sendo noite de luar
Surge na imensidão
Um deslumbrante clarão
Com magnífica grandeza
De infinita beleza
É o luar do sertão.

Com seus raios prateados
Brilhando por sobre a terra
Por vale, campina e serra
Morros, colinas e prados
Rochedos iluminados
No inverno ou no verão
Deus aciona um botão
Para a linda luz brilhar
Que não há outro luar
Como o luar do sertão.

Com brilhos incandescentes
A lua ilumina os campos
As luzes dos pirilampos
Se tornam mais atraentes
Os reflexos reluzentes
Dos raios na amplidão
Tocam às folhas do chão
Pedras e mandacarus
E os belos focos de luz
São do luar do sertão.

Luares do litoral
Da praia e zona costeira
Agreste e zona brejeira
Do cerrado e pantanal
Das cidades em geral
Não brilham com perfeição
Devido a fumaça são
Cinzentos, amarelados
Não podem ser comparados
Com o luar do sertão.

Autor: Zé Bezerra

SEM CHOVER

O nosso tipo de clima
Pode trazer desvantagem
Quando vem a estiagem
O camponês desanima
O sol com forte quentura
Deixa a terra seca e dura
O campo fica sem ter
Pasto para os animais
É desgastante demais
Esse tempo sem chover.

Quando a chuva não cai
Nesse sertão nordestino
O calor do sol a pino
Nenhuma nuvem ele atrai
Prolongando o veranico
O gado não acha um tico
De capim para comer
Emurchece toda a flora
É difícil haver melhora
Nesse tempo sem chover.

Os poucos agricultores
Que as suas roças plantaram
Sem as chuvas se tornaram
Uns frustrados desertores
Vendo o milho pendoar
Sem dar espiga e secar
Plantar para não colher
Dá desengano ao roceiro
Que fica com desespero
Nesse tempo sem chover.

Quem luta na pecuária
Sente preocupação
Vendo que a situação
Está ficando precária
Se continuar assim
Os rebanhos terão fim
Que pastagem não vai ter
Bichos sofrem mais que gente
Será uma seca inclemente
Esse tempo sem chover.

São períodos vexatórios
Pra toda a população
Com a diminuição
D'água nos reservatórios
Vê-se que a seca avança
No entanto, a esperança
Nunca devemos perder
Que Deus a todos ajude
Faça que o clima mude
E breve volte a chover.

Autor: Zé Bezerra

HOMENAGEM A CHICO PEDRA

Ano dois mil e doze, terça -feira
Era semana santa, três de abril
Vai do mundo um poeta varonil
Segue sua viagem derradeira
É Francisco Fabrício de Oliveira
Chico Pedra seu nome popular
Foi embora e não pode mais voltar
Porque tem passaporte especial
À morada do pai celestial
Chico Pedra chegou para ficar.

Ele foi um dos grandes cantadores
Companheiro de Pinto e de Hercílio
Dos irmãos: Dimas, Louro e Otacílio
A trindade do Pajeú das Flores
Com Diniz e Filó mediu valores
Enfrentou Belarmino e Zé Gaspar
Barrazul, João Lourenço de Pilar
Os Bandeira, Antônio França e Juvenal
À morada do pai celestial
Chico Pedra chegou para ficar.

Formou dupla com Joâo Liberalino
Com Domingos Tomás, Nestor Bandeira
Elizeu Ventania e Zé Pereira
Luiz Campos e Chico Constantino
Louro Branco, Moacir Laurentino
Justo, Onézimo, Calixto e Zé Gaspar
Zé Gonçalves, Xudu e Luzimar
Vilanova e Traíra de Natal
À morada do pai celestial
Chico Pedra chegou para ficar.

Dessa estrela o brilho opaqueceu
Esgotou-se uma fonte de poesias
Mais um profissional de cantorias
Deu adeus e seu canto emudeceu
Aos noventa e cinco faleceu
Esse bom repentista potiguar
Deus chamou para ele ir morar
Lá num apartamento divinal
À morada do pai celestial
Chico Pedra chegou para ficar.

Autor: Zé Bezerra
Obs. Mote sugerido pelo prof. Aluísio Dutra

DITADURA NUNCA MAIS

Um período de amargura
O nosso país viveu
A época da ditadura
Que tanta gente sofreu
Num país de desenganos
Durante vinte e um anos
Em poder de generais
Foi-se esse tempo infeliz
Hoje todo mundo diz
Ditadura nunca mais.

Tempo de dominação
E abuso de autoridade
Ameaça e repressão
Por desprezo à liberdade
Com a ditadura hostil
Naquele tempo o Brasil
Só andava para trás
Hoje o povo ergue a cabeça
E quer que não aconteça
Ditadura nunca mais.

Esse passado sem glória
Foi para nunca voltar
Muitos guardam na memória
Mas ninguém quer relembrar
Tanto massacre e tortura
Medo, mordaça e censura
Pelo regime voraz
Que só causou desespero
Liberdade ao brasileiro
Ditadura nunca mais.

Jamais casuísmos crônicos
Existindo nos Estados
Nem senadores biônicos
E governos nomeados
Sem votar pra Presidente
Prevaleciam somente
Atos ditatoriais
A todos causando ofensa
Hoje brada a livre imprensa
Ditadura nunca mais.

Precisa ser melhorada
Pra o povo a cidadania
E ser mais consolidada
A nossa democracia
Com justas leis em vigor
Que o regime repressor
Reapareça jamais
O país quer crescimento
Paz e desenvolvimento
Ditadura nunca mais.

Autor: Zé Bezerra